A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que até 2030 haverá mais de 550 milhões de diabéticos — ou seja, 10% de todos os adultos do planeta. Os números da Organização Mundial da Saúde sugerem que, até então, as mortes por diabetes irão aumentar em dois terços.
Mas a diabetes não é apenas grave. É também altamente cara. O custo do tratamento da diabetes em todo o mundo em 2011 foi de um montante impressionante de $465 bilhões, segundo o IDF, ou seja, 11% do total das despesas globais do tratamento de saúde. No Reino Unido, o número de prescrições para o tratamento da doença aumentou 50% entre 2006 e 2012, e Barbara Young, Diretora-Executiva da Diabetes UK, alertou recentemente que “nós estamos diante da possibilidade real de diabetes arruinar o Serviço Nacional de Saúde no período de uma geração".
A diabetes é um grupo de doenças incuráveis no qual o doente tem elevados níveis de açúcar no sangue em resultado da interrupção da produção, no pâncreas, do hormônio insulina. Existem dois tipos principais de diabetes. No Tipo 1, o corpo não produz nenhuma insulina, ou produz em quantidades insuficientes. Este tipo geralmente é herdado e/ou genético. No Tipo 2, é produzida insulina insuficiente ou as células do corpo deixam de utilizá-la de forma adequada. A diabetes Tipo 2 é, em grande parte, o resultado de fatores do estilo de vida, e é responsável por 90% de todos os casos.
A diabetes tem sido tradicionalmente vista como uma doença da civilização. Na maioria dos países ricos, ela é a quarta ou quinta maior causa de morte. No entanto, 80% dos diabéticos realmente vivem em países que são classificados pelo Banco Mundial como de baixa ou média renda, e, preocupantemente, um número estimado de 183 milhões de pessoas, ou seja, 50% do total global, não está ciente do fato de que elas têm a doença. Na África, 80% dos diabéticos não são diagnosticados.
É desses países mais pobres que a maior parte do aumento epidêmico virá, uma vez que as pessoas vivem mais tempo e, como resultado da crescente urbanização, adotam dietas de altas calorias, enquanto praticam menos atividade física. Mesmo assim, os sistemas de saúde em muitos desses países afetados não estão, atualmente, equipados para atender o aumento da demanda. Talvez sem surpresa, são os maiores países do mundo os que têm a maioria dos diabéticos. Atualmente prevê-se que os três principais: China, Índia e Estados Unidos estejam no top três em 2030. Mas a prevalência da diabetes - a proporção de uma população que tem a doença - pinta um quadro muito diferente. Quatro entre os dez principais são estados insulares do Pacífico: os outros seis estão no Oriente Médio e a única alteração durante os próximos 20 anos prevê-se que venha a ser na ordem em que eles aparecem. Cerca de 20% das pessoas no Oriente Médio são diabéticas. No entanto, até o final do ano passado, não havia produção de insulina em nenhum lugar da região.
As injeções de insulina são a principal forma de tratamento para a diabetes de Tipo 1, onde são os salva vidas. Elas também são muitas vezes necessárias nas fases posteriores do Tipo 2 da doença. A insulina sintética está disponível desde 1921, em consequência do trabalho vencedor do Prêmio Nobel, feito por um grupo de cientistas canadenses. Até a década de 1970, a insulina clínica era principalmente oriunda do pâncreas das vacas e dos porcos como a insulina proveniente dessas fontes é quase idêntica à dos seres humanos. No entanto, em 1982, foi produzida a primeira insulina “humana” biosintética por meio de técnicas de engenharia e tecnologia de DNA recombinante (r-DNA). Em termos mais simples, isso envolve o DNA humano sendo inserido em células hospedeiras, frequentemente bactéria E. coli ou células da levedura de panificação. Os hospedeiros são deixados para crescer e se reproduzir normalmente, e, devido ao DNA humano inserido, produzir uma versão sintética da insulina humana.
Este é o processo que está sendo usado na nova fábrica de produção de tecnologia de ponta pela Julphar(Gulf Pharmaceutical Industries) nos Emirado Árabes Unidos de Ras Al Khaimah. Representando um investimento de mais de US $135 milhões de dólares, essa fábrica de 20.000 metros quadrados é uma das maiores instalações de produção de insulina do mundo e irá fabricar 1.500 kg de produto por ano.
A GEA, que fornece sistemas de processos especializados para as indústrias farmacêutica e de biotecnologia, foi pela primeira vez abordada pela Julphar para trabalhar no projeto em 2006. Durante os próximos 5 anos, a empresa foi responsável pelo planejamento, engenharia, fornecimento e comissionamento de todo o sistema de produção farmacêutica estéril. A fábrica tem 5.000 metros quadrados de salas limpas e mais de 17 km de tubulações limpas. O pacote da GEA também inclui o gerenciamento de integração do processo de todos os elementos principais de fabricação como fermentação, colheita, cromatografia, filtragem e liofilização.
A GEA esteve também estreitamente envolvida no projeto; sua tecnologia centrífuga é central para o processo de produção. Os cinco separadores instalados em Ras Al Khaimah são usados para recuperar a bactéria E. coli do caldo de fermentação, purificar a saída e concentrar os cristais após sua precipitação. A fábrica Julphar, comissionada em 2012, pode ser vista como parte de uma nova onda.
Até muito recentemente, mais de 90% da insulina mundial era produzida por apenas três empresas farmacêuticas europeias e norte-americanas, com a empresa dinamarquesa Novo Nordisk, em determinado momento, representando cerca de metade do fornecimento global. Mas com a demanda cada vez maior, certamente se seguirá o aumento do fornecimento. O mercado de insulina global vale aproximadamente US $12,5 bilhões de dólares, em 2011 foi previsto pela Transparency Market Research nos EUA alcançar mais de US $32 bilhões de dólares em 2018. As empresas da Índia e da China já fabricam insulina para mercados internos e para exportação. Então, o que vem depois? A diabetes não vai desaparecer e não pode ser curada. Mas ela pode ser tratada, o que representa tanto uma necessidade humana e uma oportunidade de mercado.
A Fabricação de insulina humana biosintética envolve células de fermentação e, em seguida, sua separação em uma centrífuga de alta velocidade. As células depois precisam ser rompidas. Os homogeneizadores de alta pressão da GEA oferecem um método rápido e eficaz de romper as células que podem ser reproduzidas em escala industrial. A pressão pode ser variada para alcançar o ponto certo de ruptura celular e o equipamento pode ser esterilizado sem ser desmontado.
O que é a insulina?