Criação de valor a partir de resíduos na aquicultura instalada em terra
07 Dec 2020
A intensificação da aquicultura instalada em terra significou um aumento da lama de peixe. Sua eliminação ou reutilização é regida por regulamentos rigorosos em muitos países. Na Noruega e em outros lugares, os empresários estão agora fornecendo processamento de lama pronto para uso aos piscicultores. Através de seus esforços, e graças à integração de tecnologias centrífugas da GEA, a pegada ambiental da aquicultura pode ser significativamente reduzida e o que antes era lixo, agora é valorizado e reutilizado com segurança para promover economias circulares.
É bem conhecido que a aquicultura industrial produz resíduos e fluxos laterais em uma escala que torna sua reutilização perigosa sem processamento adicional e, muitas vezes, sem tratamento. A prática da aquicultura instalada em terra, também conhecida como sistema de aquicultura recirculante (RAS), cria toneladas de lama de peixe, de restos de ração e fezes que se acumulam durante o processo de criação. Quando o salmão, por exemplo, é criado desde o ovo até a fase jovem em tanques fechados em terra, a lama é considerada um desperdício e deve ser tratada.
Rica em nitrogênio e fósforo, a lama também pode conter metais pesados poluentes, como zinco, níquel e cádmio (ou arsênico, mercúrio ou chumbo). E embora o fósforo e o nitrogênio sejam essenciais para toda a vida na Terra, quando liberados em grandes quantidades em lagos ou mares, isto pode causar eutrofização, a produção excessiva de algas e plantas aquáticas, o que provoca carência de oxigênio nos ecossistemas aquáticos, incluindo nas zonas úmidas.
Um novo modelo de negócios: a economia circular de lama de peixe
A aquicultura instalada em terra está em ascensão para atender à crescente demanda dos consumidores por peixe. Entretanto, sem uma solução para processar a lama resultante de uma forma que atenda aos regulamentos governamentais, os piscicultores em muitos países enfrentam o desafio contínuo de tentar fazer negócios de forma legal e responsável. Hoje, um punhado de empresas está fornecendo suporte tecnológico e logístico para lidar com esta problema, permitindo que os produtores se concentrem no que fazem de melhor - criar peixe.
Na Noruega, onde o salmão é criado intensivamente, por lei, os sólidos devem ser removidos da lama que se acumula na entrada dos tanques de piscicultura antes que a água possa ser liberada no mar; os criadores de lá preveem que a lei eventualmente exigirá até 90% de remoção dos sólidos. Para lidar com esta realidade, os piscicultores estão investindo em instalações locais automatizadas que manuseiam, processam e tratam a lama residual, extraindo-lhe até 90 a 95% de matéria seca em um processo contínuo, reduzindo grandemente os custos de transporte e descarte. Como resultado, os sólidos secos são estáveis no armazenamento e a água de descarga, agora separada da lama e dos contaminantes, pode ser liberada de volta para o mar ou reutilizada como parte do processo.
O processamento de lama de peixe normalmente envolve as seguintes etapas-chave:
- pré-espessamento da lama de águas residuais
- dessecação para aumentar significativamente a porcentagem de sólidos secos
- secagem e resfriamento dos restos de matéria seca
No primeiro passo, é realizada alguma dessecação e sedimentação. Em seguida, a água efluente é conduzida a uma centrífuga decantadora. Neste processo, um Decantador de lama GEA dessecará o efluente restante, produzindo 20 a 35% de sólidos secos. A porcentagem de água removida durante esta fase é fortemente influenciada pelos processos a montante. Em última análise, quanto maior a porcentagem de lama desidratada, menos tempo e energia são necessários durante a evaporação e secagem.
Os Decantadores de lama GEA são projetados especificamente para lidar com a lama pegajosa, que no RAS é o resultado das proteínas e gorduras dos alimentos acumulados e não consumidos pelo peixe. Em casos onde os níveis de cloreto são altos, os clientes podem escolher um decantador GEA com proteção adicional de rolagem para salvaguardar o desempenho da máquina.
Um sistema de recuperação de lama de peixe para um dos principais produtores mundiais de salmão na Noruega. Um Decantador de lama GEA pro 2500 permite uma dessecação eficiente e apresenta suporte remoto integrado.
Os contratos de serviços de terceiros cobrindo instalação, manutenção e, em alguns casos, até mesmo operação remota, podem também incluir o transporte da lama para a reciclagem, ou seja, o prestador de serviços gerencia o transporte e a valorização da lama seca, e quando local, fornece qualquer relatório necessário. Este serviço integral reduz muito a necessidade de um produtor adquirir água cara e seus custos de descarte. Uma vez seca, a lama pode ser:
- conduzida a um reator de biogás para produzir energia limpa
- usada como um corretor de solo
- usada como fertilizante de qualidade alimentar
O fertilizante orgânico promove estratégia do produtor à mesa
Na Noruega, os sistemas de processamento de lama de peixe que produzem fertilizantes de qualidade alimentar, ou seja, sem o uso de produtos químicos ou criação de subprodutos perigosos, estão tendo um efeito positivo em locais tão distantes como o Vietnã. Os fertilizantes que devolvem o fósforo ao solo são escassos no Vietnã, e ainda necessários para combater o míldio vegetal e outras doenças. O fertilizante de lama de peixe norueguês oferece tanto os nutrientes quanto a retenção de água no solo para o cultivo saudável de plantas de café, frutas tropicais, arroz e borracha do Vietnã. Nesta forma seca, o fósforo do fertilizante tem muito menos probabilidade de lixiviar para o solo - uma vantagem significativa sobre outros tipos de fertilizantes comerciais.
"Os resíduos de peixe é um recurso que normalmente não pode ser usado como fertilizante na produção de alimentos quando são usados metais pesados e polímeros químicos para o processo de purificação da lama. Nesses casos, ela é tratada como lixo. Entretanto, ao integrar um decantador GEA no processo, somos capazes de valorizar os resíduos em fertilizantes aprovados, sem o uso de produtos químicos ou criação de subprodutos perigosos", explica Jake Deighton, Gerente de Produto em Tecnologia Ambiental, GEA. "Alguns desses fertilizantes ricos em nutrientes também são usados mais perto de casa, por exemplo, nas instalações aquapônicas norueguesas para cultivar verduras e ervas para salada".
Os melhores modelos de processamento de lama de peixe eliminam o que era essencialmente um modelo linear, terminando no descarte da lama em nossos cursos d'água e oceanos, e o transformam em um processo circular, o que é muito melhor para o meio ambiente e o futuro a longo prazo da piscicultura instalada em terra. Os Decantadores de lama da GEA são um componente chave deste processo e altamente considerados por seu desempenho e longevidade". - Jake Deighton, Gerente de Produto em Tecnologia Ambiental, GEA
- Jake Deighton, Gerente de Produto em Tecnologia Ambiental, GEA
